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Joaquim Gomes
Escritor/Autor

O passado projeta o futuro de Braga

 

A Área Metropolitana do Porto é composta por 17 municípios e 173 freguesias, sendo o Porto a cidade administrativa e o principal núcleo urbano da sub-região. É uma área urbana que vai desde Arouca, Oliveira de Azeméis, Santa Maria da Feira, S. João da Madeira ou Espinho, passa por Paredes e Valongo, ainda por Santo Tirso, Trofa, Póvoa de Varzim, Vila do Conde ou Maia e por Vale de Cambra, Vila Nova de Gaia, Matosinhos, Gondomar e Porto. 

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Já a Área Metropolitana de Lisboa é composta por 18 municípios e 118 freguesias, sendo Lisboa a cidade administrativa e o principal núcleo urbano da sub-região. É uma área que vai desde os concelhos de Alcochete, Almada, Amadora, Barreiro, Cascais, Loures, Mafra, Moita, Montijo, Odivelas, Oeiras, Palmela, Seixal, Sesimbra, Setúbal, Sintra e Vila Franca de Xira.

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São áreas metropolitanas fortes, a nível económico, a nível cultural e também a nível político. São áreas que idealizam e executam projetos globais para a sua sub-região, desenvolvendo uma vasta rede de iniciativas comuns, nomeadamente a nível de uma rede de transportes.

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A nossa região, cujo centro administrativo é Braga, carece urgentemente de uma Área Urbana que englobe vários municípios. O Quadrilátero Urbano (Barcelos, Braga, Guimarães e Vila Nova de Famalicão) torna-se pequeno para a nossa região. É necessário alargar essa área ao distrito de Viana do Castelo e ainda ao distrito de Vila Real.  

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No ano em que se comemoram os 150 anos da chegada do comboio a Braga (1875), convém recordar que na altura foram projetadas ligações ferroviárias que, a serem concretizadas, tornaria a área de Braga numa das maiores áreas da Península Ibérica:

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- O caminho de ferro do Vale do Cávado, que deveria seguir ao longo deste vale, desde a sua foz, em Esposende, até ao limite do distrito de Braga. Continuaria ainda pelo distrito de Vila Real até Chaves, servindo, no seu trajeto, os concelhos de Esposende, Barcelos, Vila Verde, Braga, Amares, Terras de Bouro, Póvoa de Lanhoso e Vieira, no distrito de Braga, e Montalegre, Boticas e Chaves, no distrito de Vila Real. 

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-  O caminho do Vale do Ave deveria começar na foz deste rio, em Vila do Conde. No seu trajeto, serviria os concelhos de Vila do Conde (distrito do Porto), Famalicão, Guimarães, Fafe, Cabeceiras de Basto e Celorico de Basto (distrito de Braga), assim como Santo Tirso e Felgueiras (distrito do Porto), que continuariam a beneficiar deste transporte ferroviário. 

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- A terceira linha começaria em Vizela, na linha do Vale do Ave, passando por Guimarães, pelas Taipas e por Braga, até encontrar a linha do Vale do Cávado. Esta linha poderia ser prolongada para sul, por Lousada e Vale do Sousa, até à estação de Caíde, no caminho de ferro do Douro; e para norte, pelo concelho de Vila Verde, em direção a Ponte da Barca, Arcos de Valdevez, Portela do Extremo, Monção, até Valença. 

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 - A ligação ferroviária de Braga a Guimarães, que teria uma estação em Briteiros; um apeadeiro em Balazar e o segundo em Morreira; em Esporões existiria a penúltima estação, seguindo-lhe o apeadeiro de Lomar, e a ligação terminaria na estação de Braga.

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Nenhum destes projetos se concretizou porque os conflitos eram constantes entre Braga e Guimarães. 

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Os avanços e recuos na construção dos projetos ferroviários originaram outras alternativas ao comboio.

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Assim, em 1904 foi concedido ao engenheiro Júlio Correia o exclusivo das carreiras de automóveis. As estradas que passaram a integrar esta rede de automóveis foram: 

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- Carreiras de Braga a Ponte da Barca, Ponte do Lima e Viana do Castelo; Braga ao Gerês; Braga a Paredes de Coura, Valença e Monção; Braga a Póvoa de Lanhoso, a Cabeceiras de Basto e Baúlhe; Braga a Guimarães, Fafe, Mondim de Bastia e Baúlhe; Braga a Barcelos e Esposende; Braga a Guimarães, Lousada e Penafiel e Braga a Guimarães, Paços de Ferreira e Valongo.

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Foram decisões que contribuíram para o aumento do número de automóveis na nossa região, cujas consequências estão à vista de todos. 

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Passados 150 anos, continuamos com a mesma ligação ferroviária de Braga: apenas o seu ramal que a liga a Nine e daí para Barcelos, Famalicão e o Porto.  

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Atualmente, existem vários projetos de transportes públicos, diferentes entre concelhos e entre políticos. Há anos, há décadas, há um século e meio que este impasse se mantém. 

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A ligação ferroviária entre os quatro maiores municípios do distrito de Braga, a sua ligação a Viana do Castelo e a Montalegre ou Chaves, reforçaria a coesão social, mas também económica e social da nossa região.  Ainda a ligação à futura linha do comboio de alta velocidade até Espanha, transformaria esta área numa das maiores da Península Ibérica.

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Este deverá ser, decididamente, o compromisso dos políticos para garantir um futuro sustentável. 

 

Joaquim da Silva Gomes

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